03/12/2009 da equipe Língua de sinais: A vida é feita de conversas
Recentemente, por ocasião do dia nacional de doação de orgãos e tecidos (27/09), o Ministério da Saúde lançou a campanha "Doe órgãos. Doe vida." Em uma das propagandas de TV a protagonista é uma moça surda. Por meio da LIBRAS (língua brasileira de sinais), ela vai esclarecendo a população sobre a importância não só de ter a intenção de doar órgãos, mas principalmente de informar os familiares sobre essa decisão. A moça surda inicia dizendo que é doadora e que já comunicou a sua família, alertando: "Se você também é um doador, sua família tem que saber". E finaliza: "Para isso, você só precisa falar".
O inusitado e a beleza da propaganda estão no fato de a protagonista se comunicar através de uma língua que é utilizada por um grupo minoritário, a comunidade surda, com a tradução simultânea para a linguagem verbal.
Normalmente, o que vemos é o inverso disso: a tradução para LIBRAS de um discurso dirigido a ouvintes. A língua de um grupo minoritário e que ainda sofre com a exclusão social, em especial no ambiente escolar, ganha status nessa propaganda, pois tem a mesma possibilidade de comunicar do que a língua falada e escrita. Aliás, o gesto que significa doar é pra lá de preciso, talvez mais do que a palavra...
Ideia feliz, já que a campanha afirma que não podemos deixar escapar das mãos a oportunidade de salvar vidas. E é pelas mãos dessa moça surda que algo fundamental é destacado:"A vida é feita de conversas", em qualquer língua!
Não deixe de acessar o blog "Em pauta... Meus temas" que fala sobre LIBRAS e o universo do surdo. Clique aqui.