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22/10/2009 Jason Gomes e Claudia Perrotta Filme: Up - Altas Aventuras
direção de Pete Docter
Up - Altas aventuras, a mais nova animação da Pixar, com direção de Pete Docter e roteiro de Bob Peterson, sensibiliza o público com a história da amizade entre Carl Fredricksen, um vendedor de balões de 78 anos de idade, e Russell, um garotinho de apenas 8. O filme chegou a ser desacreditado por analistas da indústria cinematográfica, pelo fato de ser estrelado por um velhote, mas, mais uma vez, em associação com a Disney Pictures, a Pixar mostrou a que veio. Como bem destacou Érico Borgo (www.omelete.com.br), a ideia não é comercializar bonequinhos no final da sessão, nem mesmo repetir a fórmula de grandes heróis infalíveis ou sinalizar a parte 2 da trama.
Indo na contramão de tudo o que se acredita ser rentável e padrão de sucesso no cinema, Up aposta em um roteiro baseado na relação entre personagens que estão em extremos diferentes da vida humana, sem cair no batido e estereotipado velho ranzinza e solitário que muda sua relação com o mundo após o convívio com uma criança. Ambos têm motivações diferentes no curso da aventura que percorrem juntos – a inusitada viagem em uma casa que voa sustentada por balões coloridos -, mas agem de forma muito semelhante: carregam consigo objetos investidos de experiências vividas.
Russell, um escoteiro, assim como Carl no passado, segue curioso e busca construir uma história, algo desejado e ainda não vivido. Conquistar a insígnia de ajuda a idosos é a garantia para todos de que realmente viveu aquele momento.
Carl não, ele percorre a trama, o tempo todo, na busca de encontrar um sentido, ressignificar sua vida, tentando restituir desejos do passado, carregando tudo o que lhe resta além de si, a casa, seus objetos e a saudade da esposa falecida. Não os trata como simples objetos, mas como algo que diz respeito a sua biografia, pois envelheceram junto com ele e trazem consigo as histórias que viveu, e que são apresentadas ao espectador em uma sequência de imagens, sem qualquer narração verbal. Podemos assim, em consonância com o velho, entender suas ações e decisões. Porém, o isolamento e a perda da função social vão sendo encaminhados para a destituição de seus direitos: o velho é tratado como alguém que não mais pode cuidar de si e também não é respeitado, entendido na sua relação histórica/biográfica com suas posses, casa, objetos.
O grupo econômico dominante dita as regras e o destino do velho: pressiona-o para que abandone sua casa para dar espaço ao progresso, como se ele não fosse capaz de entender e julgar suas necessidades, desconsiderando toda a história que está por trás das suas decisões. Mas Carl resiste, levando consigo seu lugar de pertencimento...
Algo que fortalece o vínculo entre velho e menino é que este também vive o abandono, na figura de um pai ausente. De início rejeitado por Carl, Russell vai conquistando o velho, até que, no final, alimentados por essa parceria, ambos voltam a viver mais livremente: Carl sem toda a nostalgia do passado e Russell aberto a novas experiências, para além da obsessão pelo escotismo.
Por essas e por outras, mais um filme da Pixar para toda a família!
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