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03/09/2009 Lucia Masini Exposição: A França para os brasileiros
Museu da Língua Portuguesa
Assim como os franceses, no ano passado, aproximaram-se da história e da cultura brasileira, agora é a nossa vez de conhecer os modos de ser e viver dos franceses. A França está sendo apresentada, discutida e homenageada em diversos estados brasileiros. E São Paulo está fazendo a sua parte com criatividade e beleza. Entre outros eventos, destacamos a exposição: O Francês no Brasil em todos os sentidos, no Museu da Língua Portuguesa.
A ideia é mostrar a influência francesa na língua, cultura e artes brasileiras.
A influência na língua, em alguns contextos, nos parece óbvia. Com muita naturalidade, dizemos que o croissant e o petit four servidos na vernissage estavam deliciosos. Coisas do chef de cozinha, com conhecimento da nouvelle cuisine . Só podia ser francês, certo? Aquele povo que veste paletó, gola role, collant, biquíni, em lamé, cotelê, ou chiffon.
O curioso é saber que esta gente que prima pela elegância e pela qualidade de sua fina cozinha assina a autoria do provérbio: ce qui ne fue pas fait grossir, ou melhor, o que não mata engorda. Dá para acreditar? Então, é bom que o leitor saiba também que o jeans, que a gente jura que é coisa de americano, é uma corruptela de gênes, nome francês para Gênova, onde os marinheiros usavam calças com este tecido grosso de algodão.
Ao longo da exposição, outras tantas surpresas bem vindas e bem humoradas, como a palavra cachenê. Seguindo a lógica de cachecol, um velho conhecido, que cobre os pescoços, nos nossos invernos tropicais, cachenê, muito útil em tempos de gripe suína, cobre o nariz. É a França lançando moda.
Outra curiosidade: Sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos é um trecho da famosa canção Alegria, Alegria de Caetano Veloso; isso todo mundo sabe, como também logo reconhece referências à França, como Brigitte Bardot. Mas o que pouca gente deve saber é que este trecho é justamente o final do livro As Palavras de Jean Paul Sartre – Nada no bolso, nada nas mãos. A citação, quase literal, evidencia algo que vem de longa data: a influência de escritores franceses em diversos movimentos literários brasileiros. Na exposição, o visitante comprova a tese lendo trechos de Castro Alves e Victor Hugo, ou Haroldo de Campos e Mallarmé, entre outros.
A língua francesa é hoje falada por 180 milhões de pessoas, de diferentes partes do mundo. Do Oiapoque, que faz fronteira com a Guiana Francesa, ao Senegal, a afirmação é a mesma: o francês agrega, cria oportunidades, rompe fronteiras. E quem fala o melhor francês? Quem faz a língua é o falante. O importante é considerar as raízes do povo e o falar naturalmente, respeitando seu modo de ser. E isso vale para qualquer língua, certo?
Por fim, algumas contribuições da sétima arte que também estão presentes: Le cinéma est fait pour tous ceux dont la curiosité est le plus grand défaut. O cinema é para aqueles cujo maior defeito é ser curioso (Claude Lelouch). Le cinema c’est um stylo, du papier et dês heures à observer Le monde et lês gens. O cinema é uma caneta, folha e horas observando o mundo e as pessoas (Jacques Tati).
Então, seja curioso e aguce seu poder de observação. Aquele que visitar o Museu da Língua Portuguesa (a exposição fica até 11/10) certamente vai se encantar e enriquecer não só seu vocabulário como também seu conhecimento de mundo.
Para maiores informações, acesse: http://www.estacaodaluz.org.br/
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